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Especial
AS LINDAS FLORES
C. Sucharita
O ano de 1943 e o mês de dezembro tornaram-se o mês e o ano mais inesquecíveis para todo nosso círculo familiar, pois foi quando nossos anciãos tiveram a oportunidade de ir a Sri Sai Sannidhi (proximidade com Sai), o que se tornou nossa pennidhi (fortuna). Nossos avós, tanto maternos como paternos, fizeram um trabalho maravilhoso não apenas em nos levar para o caminho de Sai, mas também encorajando todo o círculo familiar a ir a Sri Sai Kshetra (morada de Sai), em Puttaparthi. Tanto assim que Swami costumava nos chamar de “Grupo de Bangalore”. Além disso, nossos anciãos—que toda sua família aumente!—guiaram os jovens de forma tão cuidadosa, que suas palavras até hoje ressoam em nossos ouvidos, depois de quase 75 anos. Uma afirmação maravilhosa que eles costumavam nos ajudar a aprender era “Swami Vaari Prathiokka Choopu, Aata, Maata, Paata Saini Cherchu Baata” (todo o relance, palavra, ação e música de Swami nos leva ao caminho de Sai para finalmente alcançá-Lo).
Guru de Bal Vikas, um Jardineiro
No final da década de 70 ou início dos anos 80, enquanto conduzia classes de Bal Vikas, eu contava para cerca de 30 a 35 meninos e meninas um par de leelas de nosso Bhagavan. Uma vez, enquanto se dirigia aos gurus de Bal Vikas, Swami fez uma declaração inesquecível, muito enfática—as crianças Bal Vikas são as lindas flores perfumadas do jardim. Assim que mencionei isso, as crianças se sentiram extasiadas e expressaram sua alegria. Eu fiz uma pergunta para elas, com um leve humor, “Crianças, se as crianças Bal Vikas são as flores bonitas e perfumadas, o que seriam os gurus?” As crianças se olharam e, finalmente, um menino se levantou e deu uma resposta que acabou por ser provocativa. Ele disse, “Os gurus de Bal Vikas são os jardineiros.”
Que pensamento lindo, um guru de Bal Vikas ser um jardineiro! Uma imagem do jardineiro que cuida de plantas em seu jardim para obter as belas flores perfumadas passou diante de meus olhos e o papel de um guru de Bal Vikas ajudando as crianças a florescer correu por minha mente. Isso levou ao bom velho passado—a maneira como nós, crianças verdadeiramente inocentes, crescemos; como fomos observados, encorajados, corrigidos e ajudados a crescer passou rapidamente em minha mente. Uma oportunidade de ouro de ter crescido no Jardim de Sai, sermos observados e ajudados a tomar o caminho certo havia sido derramada sobre nós.
Começando o Akhanda Bhajan Global
Gostaria de compartilhar alguns incidentes que nos ajudaram a nos moldar. Foi em 1946-1947, que nosso grupo, composto por algumas tias e seus filhos, cerca de 15 a 20, na faixa etária de 5 a 9 anos, estávamos todos brincando no pátio da frente. O antigo Mandir surgiu em dezembro de 1945. Muitas peças de madeira estavam por ali. Nós, meninas, tivemos a ideia de fazer a habitual brincadeira illaata (brincar de casa). Nossas casas em Bangalore (Bengaluru) eram pequenas. Mas queríamos construir uma casa grande, como a casa da Sra. Sakamma, dona do Processamento de Café Sakamma, uma senhora idosa devota de Swami. Swami costumava ficar em sua casa sempre que Ele ia a Bengaluru. Ao construirmos a casa, sentimos a necessidade de uma sala separada para Swami, um salão espaçoso para bhajans, além da cozinha normal, quarto etc. Uma garota em nosso grupo correu para sua mãe e obteve duas fotografias de Swami, cortadas de convites antigos de um festival. Uma foi mantida na posição horizontal em uma sala e a outra foi mantida em posição vertical no salão para Bhajan. Estávamos totalmente absorvidas em nossa brincadeira. De repente, ouvimos a voz de Swami: “Crianças, o que vocês estão fazendo?”, vinda logo detrás de nós. Ficamos surpresas. Então, todas nós nos levantamos, sorrindo timidamente. Uma de nós disse a Ele: “Estamos brincando de illaata”. Ele perguntou, “De quem é a casa que vocês construíram?” Nós respondemos, “É a casa de Sakamma”. Ele olhou para a casa e disse a Krishna (um devoto de Madras, Chennai), “Veja Krishna, essas crianças pensam em Swami mesmo em sua brincadeira.”
Amigos, a alegria que sentimos, o encorajamento que recebemos naquele dia, nos mantêm felizes até hoje. Nossos anciãos eram musicalmente orientados, pareciam famintos de aprender e cantar músicas para todas as divindades em muitos idiomas. As sessões diárias de bhajans, tanto pela manhã quanto à noite em Parthi, eram sua alegria. Tanto que, em 1945, cerca de seis senhoras (minha mãe e cinco tias) planejavam realizar bhajans semanais às quintas-feiras. As seis famílias—os maridos, as esposas e as crianças—assistiam e apreciavam muito os programas de bhajans. O tempo passou e essas seis famílias descobriram que esse programa semanal de bhajan havia sido realizado continuamente por um ano. Eles queriam comemorar o sucesso de seu programa de bhajans. Eles então planejaram ter bhajans contínuos por 24 horas a partir da manhã de quinta-feira, se encerrando na manhã de sexta-feira. Não eram famílias muito abastadas, de modo que eles escolheram uma de suas casas, grande o bastante para realizar a programação. Eles não tinham pensado em convidar Swami para os bhajans. Eles foram para Parthi apenas para buscar Suas bênçãos. Mas Swami estava inclinado a comparecer ao evento. Eu não quero entrar nos detalhes. Swami chegou sozinho na noite de quarta-feira e ficou lá até sábado. O programa foi um grande sucesso e eles o chamaram de Akhanda Bhajans. Estou muito feliz em dizer que esse Akhanda Bhajan continuou por 25 longos anos e Swami costumava estar conosco pessoalmente. Depois de 25 anos, Swami anunciou em Seu Discurso na sexta-feira, “Este Akhanda Bhajan, que foi conduzido por 25 longos anos para Loka Kalyanam (o bem do mundo), será doravante chamado Akhanda Bhajan Global, para ser celebrado em todo o mundo”.
Aprendendo a cantar Bhajans
Todos os anos, os Akhanda Bhajans costumavam ser uma ótima ocasião para nós. Um dos membros da nossa equipe, a Sra. Samanthaka Mani Bhashyam, costumava compor lindos namavalis e nós realmente gostávamos de aprender e cantá-los. Muito casualmente, uma vez lhe pedi para compor um bhajan sobre Vibhuti, o que ela o fez. Quando oferecemos esse Bhajan a Swami, Swami gostou muito e Ele deu permissão para que fosse cantado no final do Bhajan. Tornou-se o Vibhuti Mantra.
Esses Akhanda Bhajans, ano após ano, nos ajudaram a aprender tantos pontos relevantes no caminho de Bhakti (devoção). Swami costumava derramar suas bênçãos para todo o grupo. Todos os anos, depois que o programa terminava, Ele nos dava toda oportunidade de Lhe oferecer Pada Puja (adoração a Seus Pés de Lótus).
Durante o programa de Pada Puja no ano de 1948 ou 1949, Swami fez um comentário muito profundo. Nós, os jovens, participávamos dos Bhajans semanais e também dos Bhajans anuais e cuidávamos de pequenas tarefas preparatórias para a programação com muito entusiasmo e sinceridade. Mas nunca seguimos regularmente uma sessão diária de oração em nossas casas durante o ano todo. Swami disse: “As crianças são todas muito boas, prestativas e compreensivas. Embora elas nunca tenham tido uma sessão diária de oração, elas participam ativamente do Akhanda Bhajan anual”.
Isso funcionou como um sinal de advertência. Lembramo-nos da citação de Swami Vivekananda, “Levante-se, desperte, não pare até que alcance o objetivo”. A partir do dia seguinte, todos começamos a cantar nossas orações. Os pais também ficaram muito felizes. Hoje, quando vemos nossos filhos e seus filhos fazendo suas orações matinais diariamente, agradecemos a Swami, nosso Guru, por nos guiar tão bem.
Minha mãe, a Sra. Sundaramma, e sua irmã, Sra. Sharadamma, eram chamadas por Swami como patala ammayilu (“irmãs cantoras”). Elas cantavam canções em télugu e kannada. Elas também compuseram belas músicas para Swami e cantavam para Ele. Ele adorava suas músicas. Uma vez Swami pegou o livro de músicas delas e olhou página por página. A 95ª música era a última. Ele pegou uma caneta e escreveu mais cinco músicas Suas para que o livro chegasse a 100 canções. Que vínculo entre a Divindade e o Devoto!
Uma vez, eu e minhas duas irmãs, ao folhearmos o livro de músicas, pensamos, “Por que não compor uma música?”. Nós pensamos e planejamos muito. Finalmente, pudemos juntar algumas ideias e uma letra ficou pronta. Mas, e a melodia? Nós gostávamos de aprender e também de cantar. Pegamos uma bela melodia de um programa infantil no rádio. Não havia programas de TV na época.
Nós ficamos muito felizes, porque funcionou bem. Depois de praticar por um tempo, fomos até nossa mãe e mostramos a música. Ela gostou e apreciou nossos esforços. Nós nos sentimos muito contentes. Logo, as férias de verão começaram e, como de costume, todos fomos para Parthi. Depois de quase quinze dias de estadia em Parthi, planejávamos voltar. Como de costume, Swami nos permitiu oferecer Pada Puja. Nós, as quatro irmãs (a mais nova era pequena) e o irmão, estávamos de pé, minha mãe e minha tia estavam lavando os pés de Swami, enquanto cantavam músicas. Minha irmã mais nova muito casualmente disse a Swami que as três irmãs tinham composto uma música. De repente, Swami pediu a minha mãe e minha tia para pararem de cantar e nos pediu para cantar a música. Ficamos chocadas. Eu disse a Swami que era uma música de criança, mas Ele não foi demovido. Nós três tivemos que cantar a música. Graças a Deus, fomos capazes de cantá-la inteira. Swami estava visivelmente feliz. Ele disse: “Muito bom. A música é muito bonita. Estou muito feliz.”
Demos um suspiro de alívio. Depois que o Pada Puja terminou, todos fomos para os bhajans, no salão de bhajans de Prasanthi Nilayam. Corremos para o salão e nos sentamos. Swami aproximou-se e sentou-se em Sua cadeira. Os devotos estavam cantando bhajans. De repente, Swami pediu aos cantores que parassem. Todos ficaram tensos! Então, Swami disse, “Essas crianças vieram em férias. Elas compuseram uma música. Venham crianças, cantem a música”. Ficamos atordoadas. Mas Ele insistiu. Tivemos que cantar. Graças a Deus, lembramos a letra e cantamos a música. Swami novamente disse, “Estou muito, muito feliz. A música e o canto são muito bons. Estou feliz.” Amigos, essa foi a coisa mais inesperada que poderíamos imaginar. Esse é o Sai Guru. Sempre amoroso, sempre cuidando.
A omnipresença de Swami
Bem, eu estava cursando minha graduação e imaginei um futuro adorável. Meu pai estava pronto para me dar suporte e ajudar. Eu estava confiante de que eu poderia realizá-lo. Mas as coisas se encaminharam de outro modo. Eu fiquei simplesmente arrasada. Fiquei muito brava. Não podia expressá-lo de nenhuma forma. Eu não tinha coragem de expressá-lo perante meus pais e irmãos. Tranquei-me no meu quarto e expressei toda a minha raiva em Swami. Meu argumento era: se Ele é responsável por tudo, como Ele pôde recusar meu pedido e me decepcionar? Ele ajudava apenas pessoas escolhidas, era o meu sentimento.
Swami estava em Parthi. Eu continuei acusando-O em meu quarto. Depois de algum tempo, eu desmoronei. Demorei algum tempo para me recompor e saí. Ninguém soube de minha explosão. Depois de uma semana, recebi uma mensagem de que eu tinha um lugar para um Mestrado em Ciências na Faculdade Central. Eu vim para Bengaluru e fiquei na casa de meu tio. Meus pais demoraram algum tempo para mudar de Mysore (Mysuru) para Bengaluru.
Logo depois, ouvimos que Swami tinha vindo a Bengaluru e estava hospedado na casa de Sri Vasan. Eu fui com minhas duas tias para Seu Darshan. Ele lentamente caminhou em nossa direção, mas estava olhando diretamente para mim. Eu estava pensando sobre o que poderia ter acontecido. Ele apenas me fez perceber que Ele é Omnipresente e não podemos manter nada escondido d’Ele, mesmo no nível do pensamento. Ele me fez perceber Sua Omnipresença na vida. Então, Ele me disse com carinho para não me irritar e nunca dar liberdade à língua quando com raiva. Ele disse que uma pessoa se arrepende disso por toda a vida. Percebi meu engano, que pudesse esconder alguma coisa d’Ele. Ele estava em Parthi enquanto eu estava trancada no meu quarto em Bengaluru. Eu pronunciei apenas palavras com raiva, pensando que ninguém saberia, mas Ele me fez perceber que Ele é Sarvantaryami (o Habitante interno em todos). Que lição! De que modo Ele ensinou!! Nunca me desculpei por isso. Mas, como um Guru, Ele me ensinou a lição correta.
Uma vez, quando estávamos em Mysuru, minha mãe foi a Parthi para os eventos de Vaikuntha Ekadasi. Meu pai teve que sair da estação em missão oficial. Somente nós três irmãs estávamos na casa. Quando minha mãe disse a Swami que apenas as três garotas ficaram na casa, Ele a questionou, “Por quê? Suas três filhas e com cada uma delas, Swami. Então, juntos, seis estão lá. Nada pode incomodá-las ou prejudicá-las.” Essa é garantia citada com muita frequência—Intane, Kantane, Ventane, Jantane, Untini, Unnanu, Untanu (“Eu estou sempre com você, em você, ao seu redor”). Essa é a mensagem para cada um e para todos. Esse é nosso Swami!
– A autora é a neta de Sri Ravel Seshagiri Rao, que foi afortunado em servir aos Divinos Pés de Lótus em Puttaparthi, de 1944-45 até 1963. Ela foi acolhida por Sai na idade de cinco anos (dezembro 1943) e literalmente cresceu sob a proteção divina. Uma professora por profissão, ela se tornou uma Guru de Bal Vikas. Ela foi a Coordenadora Estadual (Asa de Educação) da Organização Sai em Karnataka, e com a graça de Swami, serviu nessa função por doze anos.